quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sobre pedras e pessoas

 

Como persistissem em interrogá-lo, ergueu-se e lhes disse: “Quem dentre vos estiver sem pecado atire a primeira pedra!” Jo 8,7.

 

O ser humano é um animal que odeia. Caim mata Abel, os irmãos de José vendem-no como escravo aos egípcios, que, mais a frente, escravizarão o povo de Israel, Davi é perseguido pelo seu próprio filho que deseja poder, poder, poder, sem perceber que, enfim, nada mais pode senão morrer. Jesus também foi perseguido por se auto titular o messias prometido pelos oráculos dos profetas.

Atenienses guerriam contra espartanos, que, por sua vez, revidam contra atenienses. Napoleão insurge na França como epíteto da revolução francesa: cabeças de padres e reis rolam por ai. Depois é guerra santa, a Jihad, que uma fatia do islamismo prega como viés teológico para a “salvação das almas perdidas”. Condenar todo e qualquer mulçumano pela barbárie desse grupo seria tão incoerente como condenar todo e qualquer padre como pederastra porque um certo número deles são pegos com a mão na botija – ou em outro lugar.

Não obstante, uma nova “pedra de salvação” surge em meio a celeuma: o ateísmo. Alguns preferem fazer de Deus – qualquer um deles – ou da religião o bode expiatório de sua revolta, aproveitando inteligentemente a carona naqueles que, por sua vez, fazem da religião uma desculpa para sua vaidade. Se é incoerente condenar todo e qualquer ateu ao inferno, é coerente crer que a ira contra religiosos, sejam eles de qualquer denominação, cor, raça, sexo ou nacionalidade, pode sim se converter no combustível de uma barbárie tal qual aquelas que alguns religiosos cometeram ao longo da história por conta de sua vaidade. E não se engane, desde sempre, “tudo é vaidade e correr atrás do vento”. Noves fora, somos todos animais que odeiam, ainda que o clamor pelo “mundo melhor” e a “comunhão universal” entre os povos possa fazer parecer o contrário. Talvez remédios poderíam resolver o problema, talvez camisas de força, mas isso não seria lição, antes, condição, a condição de prisioneiro: em suma, continuamos prisioneiros de nossas vaidades e de nosso ódio.

Nota: você pode discordar da verdade, revoltar-se contra ela, mas isso não muda a verdade.

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