quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A arte da guerra


Pode a guerra ser considerada uma forma de arte ? A mais de dois mil anos foi um dos mais celebrados tratados sobre estratégia militar e comando de exércitos escrito.Estou me referindo a "A Arte da Guerra", livro no qual Sun Tzu descreve as principais habilidades necessárias à vitória em um combate.

O sábio general inicia seu discursso descriminando os principais elementos de um combate, a saber: "o primeiro é a influência moral; o segundo a meteorologia; o terceiro, o terreno; o quarto o comando; e o quinto, a doutrina".Chama a atenção o fato de ter Tzu dado prioridade à influência moral.Provavelmente um leitor desatento julgaria estranho o fato de ter o autor concedido o primeiro lugar ao aspecto moral no elenco dos fatores elementares na elaboração de uma batalha.


Ocorre que Sun Tzu define a moral como "aquilo que provoca harmonia entre o povo e seus dirigentes, tornando-o capaz de segui-los para a vida e para a morte sem medo dos perigos mortais", do que sucede que - como mais a frente acrescenta o autor - quanto ao exército inimigo:"quando está unido, divida-o".Notamos então que enquanto o velho ditado popular aconselha, "a união faz a força", o ainda mais velho livro escrito por Tzu apregoa o mesmo princípio com suas próprias palavras que ecoam pelos séculos à fora.


O segundo lugar é à meteorologia reservado por Tzu.Era assim desde então, é assim em nossos dias:tivesse Hitler melhor se atentado para essa questão, provavelmente a vitória obteria na campanha contra o exército russo.Foi o frio invernal que venceu o exército nazista na batalha que travou na Rússia.

Se for o caso de considerar a guerra uma forma de arte, fica a pergunta: qual o derramar de sangue teria pintado, na conítnua linha do tempo, a obra prima universal ?






Foi proposital o abandono deste post por certo tempo.Pretendi com isto deixar a questão acima ressoar na inquietude de hipotéticos leitores a fim de que, depois, pudesse eu voltar-me à pergunta que antes lancei na tentativa de respondê-la à luz dos escritos de Tzu.

Ocorre que nenhum derramamento de sangue teria, em si, constituído, no complexo tecido histórico universal, a obra-prima da arte da guerra: a maestria neste saber, segundo Sun Tzu, consiste em, a princípio e acima de tudo, evitar o conflito.De acordo com Tzu, "dominar o inimigo sem combater, isso sim, é o cúmulo da habilidade".A verdadeira guerra é, poderíamos dizer, antes e sempre, aquela que se desenvolve no campo ideológico, e o guerreiro por excelência procura conhecer profundamente seu adversário:

"Direi pois: conhece-te a ti mesmo e ao teu inimigo, e em cem batalhas que sejam, nunca correrás perigo".

É assim que,

"Sutil e imaterial, o perito não deixa rastros e, divinamente misterioso, é inaudível.Assim se transforma no senhor do destino de seu adversário".


Dizer que a guerra é a continuação do Estado é repetir aquilo que não só Tzu afirmou - já nas primeiras palavras da obra aqui comentada - mas também outros grandes pensadores da história.O pensamento de Tzu tem como arcabouço a sabedoria oriental, aquele que ler o Tao-Te-King, seja antes ou depois da leitura de "A arte da guerra", certamente ampliará sua visão sobre estas célebres obras da filosofia universal.Seja nos dias de Tzu ou nos de hoje, a guerra ai está, fazendo da morte o combustível da vida, seja no microcosmos do processo homeostático ou no macrocosmos da organização social.

Quem, em suma, compreenderá o mistério divino ? Só nos cabe apreciar sua manifestação na complexidade simples do plano investigável: em última instância, a física aponta para a metafísica, ou melhor, aponta, ao menos, àqueles cuja inteligência deixam contagiar pela poesia divina do aqui e agora.

                                                                                                                             Jeferson Torres

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